Precisei fazer uma pausa. E sugiro que você também faça. Em um mundo onde a informação corre mais rápido que o pensamento, somos todos tragados por um turbilhão de estímulos, vivendo dias que se repetem como um looping interminável de ações automáticas e sensações estranhas. Estamos presos em demandas que nunca escolhemos e nos sentimos sempre um passo atrás.
Não importa em que ponto da vida você esteja - na escola, faculdade, início ou fim de carreira. Tenho certeza de que se identifica com alguns desses sintomas: acorda mais cansado do que gostaria, dorme menos do que deveria ou mais do que o necessário. A energia que você tem mal dá para as tarefas diárias, quanto mais para os sonhos que um dia teve. Passa menos tempo com os filhos e amigos, sai pouco ao ar livre por lazer. E, se for honesto, já nem sabe mais o que fazer com cinco minutos de espera que não envolvam checar alguma notificação ou vídeo.
O celular, companheiro constante, exige sua atenção de manhã à noite. Redes sociais, WhatsApp, e-mails – todos pedem um pedaço de você. E a sensação de frustração, de que algo está sempre faltando, é uma sombra constante. Parece que podia estar fazendo outras coisas, coisas melhores. Mas o quê? A resposta escapa como água entre os dedos.
Vivemos o zeitgeist da falta. Uma ausência sem nome nos assombra, como se estivéssemos sempre atrasados para um compromisso desconhecido. Corremos como o coelho branco de Alice, olhando para o relógio, sem saber para onde vamos.
E então, em meio a esse caos, encontro um alento no livro "Foco Roubado" de Johann Hari. Ele aparece como um farol - diferente das ofuscantes luzes azuis dos nossos aparelhos -, iluminando a realidade sobre nossa distração. Hari explica que nossa incapacidade de focar não é um fracasso pessoal, mas uma consequência de um sistema mais amplo e mais complexo para nos manter permanentemente atentos e, paradoxalmente, eternamente distraídos. Nossa atenção foi sequestrada, diz ele, não por acidente, mas por design. E nós nos deixamos sequestrar e permaneceremos em cárcere se não tomarmos consciencia da magnitude do problema e não investirmos em ações coletivas.
As grandes corporações construíram impérios lucrativos em cima do nosso tempo e foco. Somos consumidores de informação, mas também mercadorias vendidas ao maior lance. Para Hari, a solução está em reconhecer essa dinâmica e resistir. Não é fácil, ele adverte, mas é necessário. É uma causa. E toda causa precisa de uma batalha.
Ler "Foco Roubado" é como receber um chamado à ação. Não é apenas sobre fazer uma pausa, mas sobre redescobrir a riqueza das experiências que só se vivem plenamente quando estamos atentos, não distraídos. É um convite a repensar prioridades, redefinir hábitos, e recuperar o controle sobre o nosso tempo, a verdadeira moeda da vida.
Em um tempo onde a atenção é o bem mais precioso, Hari nos lembra que a verdadeira riqueza está em estar presente. Estar atento, não apenas ao que nos cerca, mas ao que realmente importa. Em um mundo de distrações infinitas, ele nos convida a focar no essencial: viver, plenamente e sem reservas, cada precioso momento.
Um abraço,
Evelyn Lima
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Terminei de ler e já estou largando o celular! Rsrs